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Junho Violeta: Radiologia é aliada na identificação da violência contra a pessoa idosa







O mês de junho é dedicado à conscientização sobre os direitos da pessoa idosa e à importância do combate à violência que atinge essa população. Conhecido como Junho Violeta, o período chama a atenção para os cuidados que devemos ter com os idosos, especialmente diante dos altos índices de negligência e agressões. 

Nesse contexto, as técnicas radiológicas desempenham um papel fundamental, funcionando como aliadas na identificação de sinais físicos de violência por meio de exames de imagem.

Dados da Fiocruz Brasília (2024) revelam que 60% dos casos de violência contra idosos ocorrem dentro do próprio ambiente familiar. Diante dessa realidade, a atuação dos profissionais das técnicas radiológicas se torna ainda mais relevante, já que, muitas vezes, os primeiros indícios de maus-tratos aparecem nos exames. 

A professora Kezia Balena, coordenadora do curso de Radiologia da Estácio de Brasília, destaca que, por meio das imagens, é possível identificar fraturas em diferentes estágios de cicatrização, lesões em tecidos moles e sinais de perda óssea, que podem ser indícios de agressões físicas ou de negligência. Segundo ela, a Radiologia fornece subsídios essenciais para que equipes multidisciplinares possam intervir de forma adequada, baseando-se em laudos que não apenas orientam o cuidado clínico, mas também fundamentam ações sociais e legais em defesa da dignidade do idoso.

A especialista orienta ainda que o profissional de Radiologia deve estar atento a discrepâncias entre o histórico clínico do paciente e os achados nos exames, como fraturas que não condizem com o relato, hematomas sem explicação plausível ou lesões em múltiplas fases de cura. Nesses casos, é fundamental comunicar imediatamente o médico responsável, o serviço social e a equipe de enfermagem, além de participar ativamente de discussões com outros profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos e geriatras. O técnico ou tecnólogo deve fornecer informações detalhadas ao radiologista, que serão fundamentais para a elaboração de laudos consistentes, além de seguir o protocolo institucional de notificação e fluxo em casos suspeitos de violência.

Os exames de imagem mais comumente utilizados para a detecção de violência em idosos são a radiografia simples (raio-X), tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e o bone scan, este último sendo especialmente eficaz para identificar fraturas ocultas e lesões antigas, que podem indicar episódios repetidos de agressão. Além de agressões físicas, os exames também podem revelar sinais de negligência, como ossos enfraquecidos e porosos — o que pode sugerir má alimentação ou falta de tratamento —, fraturas frequentes que revelam fragilidade óssea não avaliada, músculos bastante reduzidos e pouca gordura corporal, característicos de desnutrição ou inatividade, ausência de dentes e perda óssea mandibular, indicando descuido com a saúde bucal, e até múltiplas pneumonias visíveis no raio-X de tórax, que podem apontar falta de cuidados respiratórios ou de posicionamento adequado.

O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) reforça a importância da atuação qualificada desses profissionais e destaca como sua participação ativa pode fazer a diferença na proteção dos idosos. 

Em uma sociedade que envelhece rapidamente, o olhar técnico e sensível dos profissionais das técnicas radiológicas vai além do diagnóstico: representa um compromisso concreto com o respeito, o cuidado e a preservação da dignidade da pessoa idosa.

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