Carla
Assunção*
Em tempos de
constante mudanças no que é “estar em alta”, a guerra fria para fazer parte dos
padrões desejados se tornou algo insaciável. Praticamente todas as redes
sociais, contém uma vitrine do lado mais perfeito de nós, e sempre se mostrar
bem e saudável tem um preço.
Aos 20 anos eu
decidi precisar de próteses de silicone para poder seguir a minha vida, eu
queria ter fotos em meus perfis como as daquelas blogueiras gringas, o investimento
não é barato, me dediquei muito para atingir esse objetivo, ter psicológico
para encarar uma cirurgia que simplesmente o seu corpo não necessita e ainda
correr alguns riscos graves de saúde não é nada fácil, mas enfim, lá fui eu em
busca do agrado visual e da atenção daqueles que talvez não saibam o meu nome.
Desejar a
admiração da sociedade em algum momento da vida não é um crime, isso sempre foi
e sempre será uma questão comum da garota que pretende trabalhar com as mídias
sociais, ou até mesmo daquela adolescente insegura que tem como “crush” o
garoto mais popular e desejado da escola, saber lidar com isso é a chave.
Hoje com o
mercado virtual extenso, com vários expoentes da internet se tornando
milionários(as) com as famosas “públis”, pessoas que muitas das vezes não
possuem uma formação, mas possuem o dom de cativar. Algumas dessas figuras com
milhões de seguidores em suas redes acabam adquirindo grandes poderes, o de
ditar regras e padrões, sem nenhuma intenção negativa, claro.
Quando esse
conteúdo masterizado chega até o nosso feed, alguns deles até possuem um
intuito natural, porém é algo distante da nossa realidade e é preciso saber
diferenciar. Antes de embarcar nessa cirurgia com direito a pontos e anestesia
geral, eu já havia me aventurado em um início de harmonização facial, eu queria
muito ter a boca da Kylie Jenner e lá na clínica a moça insistiu para que eu
adquirisse outro preenchimento e eu olhei para minhas olheiras aos 19 anos e
senti que precisava, me recordo como se fosse hoje, uma lagrima de sangue
saindo abaixo do meu olho esquerdo após a primeira agulhada, aquilo ficou roxo
por duas semanas, as pessoas acreditavam que eu estava passando por um caso de
violência doméstica e eu não tinha ao menos um namorado e já estava morando sozinha.
Com toda
certeza as redes sociais nos permitem ficar mais próximos de quem admiramos,
acessar conteúdos em tempo real e até mesmo nos distrair em um momento de
lazer, podem ser usadas como ferramenta de trabalho e também para quem deseja
registrar e compartilhar com amigos e seguidores, um momento agradável, claro
que deve se ter uma moderação, como tudo nessa vida.
Ainda sobre a
minha cirurgia de prótese mamaria, foi algo muito repentino, eu não queria
menos que 300 mls, o médico avaliou entre 300 a 350 mls, no dia da operação a
minha pele não cedeu e eu sai de lá com 280 mls, foi o suficiente para eu não
saber lidar com o “toc” de querer um número redondo e de quebra, eu ainda não
me senti realizada.
Eu costumo
dizer que é mais fácil se aceitar como se veio ao mundo do que após um
procedimento que você apostou todas as suas fichas que seria algo que mudaria a
sua vida. Hoje em dia eu cheguei à conclusão que a autoaceitação é um looping
sem fim, onde nunca estaremos satisfeitos, é uma guerra entre você e o seu
psicológico, quem precisa estar bem e se sentir bem é APENAS você e se você
trabalha com as redes sociais, gosta de ser presente nelas ou não se sente bem
com seu corpo, seus traços, saiba que você é única desde o dia em que veio ao
mundo, não deixe de postar seu conteúdo por achar que não está dentro da
maioria, nascemos assim, e como já dizia Lady Gaga em “ Born this way”,“ Deus
não comete erros”.
*Carla Assunção é uma Influencer, Social Media e Jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi.
Instagram: https://www.instagram.com/carlaassuncao1807/